Domingo, nove de Novembro de 2014, cerca de 200 famílias invadem o conjunto habitacional Guadalupe, na Zona norte do Rio de Janeiro. Durante a ocupação dos edifícios foram flagrados criminosos portando armas de grosso calibre, o conjunto fica num área considerada de alto risco pela Polícia Militar carioca. Os 250 apartamentos fazem parte do projeto “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal voltado para a população de baixa renda. No entanto moradores de favelas do entorno denunciam que os prédios estavam prontos há dois anos e os apartamentos ainda não haviam sido entregues.
Dividindo o muro de limite do conjunto, um amontoado de barracos de papelão, madeira e telhas Brasilit forma a favela Gogó da Ema, onde diversas famílias vivem sem a instalação de água ou esgoto. Estes mesmos moradores são grande parte dos que invadiram e ocuparam os novos apartamentos. Um buraco foi feito no muro lateral, por onde o acesso continua livre. Já o portão principal do edifício tem passado os últimos dias com um blindado da polícia em frente, além de uma viatura que permanece no local 24 horas por dia. Grande parte dos ocupantes afirmam estarem há muito tempo cadastrados no projeto “Minha Casa, Minha Vida”. Alguns afirmam estarem esperando há oito anos, enquanto outros há um. Todos eles se mostram muito irritados com a posição do prefeito da cidade, Eduardo Paes, que afirmou em entrevista à televisão que o ato se trata de “coisa de vagabundo”, e que as famílias não seriam cadastradas em nenhum projeto habitacional. Os moradores afirmam não terem ligação alguma com o trafico de drogas, e mostram documentos de inscrição em projetos do governo federal, assim como carteiras de trabalho e atestados de doença.
A empreiteira responsável pela obra, a BR4, denuncia que a atuação foi orquestrada por traficantes da região, que cogiram o porteiro, tendo assim, acesso as chaves dos apartamentos. Os novos ocupantes disseram que elas estavam na portaria, abandonadas. Fato é que o último edifício com cerca de 50 apartamentos não está ocupado. Boatos afirmam que estes apartamentos estariam reservados para familiares dos traficantes. Já os atuais moradores não souberam o motivo dos apartamentos estarem vazios, mas, afirmaram que novos inquilinos chegariam a qualquer momento.
Em uma situação extremamento complicada, grande parte dos ocupantes são crianças, idosos, ou portadores de algum tipo de deficiência. A reintegração de posse, emitida na quinta-feira (13) ainda não foi cumprida e não há data oficial para ação que, segundo ordem do juiz, requer presença de bombeiros, SAMU, e assistência social, além da polícia. Outro fator que traz mais tensão a situação é a movimentação de traficantes e olheiros ao redor do conjunto. Barricadas de concreto nas ruas adjacentes denunciam a falta de controle do estado sobre o local.
Caveirão faz a segurança do conjunto habitacional.
Movimentação dos ocupantes na manhã seguinte à ordem de reintegração de posse.
Moradores fazem um círculo para rezar enquanto esperam pela reintegração de posse.
Dona Sheila, cuidadora de Idoso mora com a filha e a neta no apartamento que conseguiu ocupar. Ela mostra um atestado médico onde é diagnostica como esquizofrênica. Em cada porta ficam anotados os nomes dos novos moradores e o numero do apartamento.
Dona Sheila mostra a “cama” que divide com a neta e a filha.
Crianças brincam no estacionamento do condomínio, ao fundo a favela Gogó da Ema, onde grande parte delas morava.
Moradores ainda hesitantes em permitir o acesso da imprensa, guardavam o buraco no muro por onde tem livre acesso ao condomínio.
Garotos observam a favela Gogó da Ema, vizinha ao condomínio Guadalupe.
Enquanto alguns moradores retiravam parte dos móveis dos apartamentos com medo da ação policial, outro levavam de volta quando viram a grande presença da mídia.
Crianças brincam no acesso à favela Gogó da Ema.
O interior de um dos barracos de madeira e brasilit, a família e vizinhos dividem o almoço enquanto as crianças brincam na sala. A residência de 5 pessoas tem um carpete cobrindo o chão de terra batida que fica molhado constantemente devido as chuvas.
Garoto me oferece uma bola de chocolate, que faz as vezes de comida e brinquedo.
Parabéns pelas imagens Maurício !